Importância das espécies endémicas, na conservação da biodiversidade

11-04-2014 23:19

Segundo Federico Cardigos, as espécies endémicas são por definição científicas, aquela cuja distribuição natural está limitada a uma área conhecida. Deste modo é importante, por uma questão de responsabilidade, nas áreas de distribuição natural destas espécies deve ser dada particular atenção à sua conservação.

Por outro lado a questão de oportunidade. É que a probabilidade de observar um determinado organismo é
muito mais elevada na sua área de distribuição natural. Por outro lado, há muitos puristas que apenas valorizam a observação das espécies nos seus habitats naturais". (Cardigos, 2011)

No caso dos Açores temos muitas espécies endémicas, identificadas ao longo dos séculos. Aquando
da descoberta do arquipélago com apenas cinco séculos, as ilhas estariam cobertas por uma densa vegetação de floresta Laurissilva, com característica húmida subtropical a temperada, composta por árvores da família das lauráceas, isto é, por espécies arbóreas, perenifólias, de folhas grandes.

A origem desta floresta Laurissilva remonta aos períodos do Miocénico e Pliocénico da época Terciária,
período em que esta floresta ocupava toda a área, da agora bacia do Mediterrâneo, Sul da Europa e Norte de África. As alterações climáticas, no período Quaternário, na Europa e Norte de África, provocaram uma quase extinção na Europa continental, e quase desapareceu no Norte da África, devido ao avanço
da aridez.

Esta floresta Laurissilva sobreviveu nos arquipélagos dos Açores, da Madeira, das Canárias e de Cabo Verde, região biogeográfica da Macaronésia, devido ao efeito de isolamento e amenização causado pelo Oceano Atlântico, salvaguardando ecossistemas constituídos por espécies de vegetação de elevada riqueza.

As aves, foram importantíssimas no estabelecimento da Laurissilva nos Açores, uma vez que as bagas de maior dimensão, como as de louro (Laurus azorica), de pau branco (Picconia azorica) e azevinhos (Ilex azorica),terão chegado aos Açores com auxílio das mesmas associadas também às correntes marítimas.

Atualmente, a vegetação Laurissilva nos Açores ocorre de forma residual, encontrando-se apenas manchas
isoladas que raramente ultrapassam os 10 m de altura. Existem cerca de 75 espécies exclusivas do arquipélago, isto é, que não se encontram de forma espontânea em mais nenhum sítio do mundo; estas são as chamadas espécies endémicas. Das 1110 espécies de plantas vasculares (Lycopodiophyta, Pteridophyta, Pinophyta e Spermatophyta) reportadas para os Açores, foram compiladas numa lista, 647 para a ilha de Santa Maria, das quais 36 são endémicas do arquipélago.

Existe um elevado número de briófitos, cerca de 480 conhecidos, sendo sete considerados endémicos. O clima húmido e a localização geográfica dos Açores contribuem para uma elevada diversidade de briófitos. Segundo a listagem existem cerca de 216 espécies das 3 ordens da divisão Bryophyta (Bryopsida, Marchantiopsida e Anthocerotopsida) na ilha de Santa Maria.

Há quem considere  a vidália, de nome científico Azorina vidalii. O verdadeiro símbolo vivo dos Açores.

É o único organismo dos Açores que, para além da espécie, é endémico ao nível do género. Para quem não
esteja familiarizado com esta forma de classificação, digamos que no mundo inteiro não há nada, sequer, parecido! É mesmo nosso, muito mais açoriano que qualquer açoriano. Para além disso, a vidália dá um conjunto de flores lindíssimas. (PNI-SMA)


Todavia, o endemismo mais conhecido nos Açores é o Priolo, Pyrrhula murina. Este pequeno pássaro tem a sua distribuição natural limitada à Serra da Tronqueira e seus arredores no Concelho do Nordeste e Povoação da Ilhade São Miguel.

Segundo Paulo Borges et al, o total de biodiversidade nos Açores é de mais de quatro centenas de espécies endémicas, pode se considerar
meio milhar de possibilidades de turismo direcionado e exigente, para ver estas espécies in loco. O que potencia um turismo de natureza altamente rentável, contudo existe o risco deste turismo não ser sustentável nestes ecossistemas, daí a necessidade cada vez maior da preservação e conservação das espécies endémicas, nas áreas frágeis destes ecossistemas.



Bibliografia:

Cardigos, Federico, acedido no site https://www.cardigos.org/frederico/, a 11.04.2014

Borges, P.A.V., Cunha, R., Gabriel, R., Martins, A.F., Silva, L. & Vieira, V. (eds.), (2005). A list of the terrestrial fauna (Mollusca and Arthropoda) and flora (Bryophyta, Pteridophyta and Spermatophyta) from the Azores.Direção Regional do Ambiente and Universidade dos Açores, Horta, Angra do Heroísmo and Ponta Delgada

Guia de Parque Natural da Ilha de Santa Maria, Governo Regional dos Açores.

Pedro Cardoso, Paulo A. V. Borges, Ana C. Costa, Regina Tristão da Cunha, Rosalina Gabriel, António M. de Frias Martins, Luís Silva, Nídia Homem, Mónica Martins, Pedro Rodrigues, Berta Martins & Enésima Mendonça, A perspectiva arquipelágica: Açores (s/a), Universidade dos Açores, Dep. de Ciências Agrárias - CITA-A (Azorean Biodiversity Group), Açores, Portugal.

Portal da Biodiversidade dos Açores, acedido no site:  https://www.azoresbioportal.angra.uac.pt a 11.04.2014.

SIARAM-Sentir e interpretar o ambiente dos Açores acedido no site: https://www.siaram.azores.gov.pt/intro.html, a 11.04.2014.



Tópico: Importância das espécies endémicas, na conservação da biodiversidade

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